Detenções em Luanda horas antes da manifestação anti-Governo
Cerca de 20 pessoas, entre eles um músico e jornalistas do Novo Jornal, foram esta madrugada detidas pela polícia em Luanda quando se concentravam na praça 1. de maio para uma manifestação anti-Governo.
O “rapper” angolano “brigadeiro Mata Frakus” e toda a equipa do Novo Jornal estão detidos no Comando Provincial de Luanda desde o início desta madrugada, segundo o portal electrónico Angola 24horas.
O Movimento para a Paz e a Democracia em Angola (MPDA) exigiu, através de um comunicado, a “libertação urgente e incondicional” dos detidos.
“Exigimos que ‘Brigadeiro Mata Fakus’ e toda a equipa do Novo jornal, nomeadamente Ana Margoso, Pedro Cardoso, Afonso Francisco e Idalio Kandé, sejam postos em liberdade antes da realização das manifestações”, refere o MPDA em comunicado ao alertar que, “caso contrário, vai tomar medidas repressivas que poderão pôr fim a diplomacia angolana no exterior”.
“O MPDA poderá proceder à convocação de uma marcha geral nos próximos dias, caso o governo corrupto não aja dentro do prazo e dentro da lei estabelecida naquela república das bananas”, acrescentou.
Ao condenar a “política de intolerância e de violação dos direitos humanos levada a cabo pelo regime ditatorial” e as “prisões arbitrárias, extrajudiciárias e todo o tipo de acção de intimidação e humilhação contra as populações angolanas”, o MPDA reiterou o apelo à população angolana a participar na manifestação convocada para hoje.
“O MPDA faz apelo às massas angolanas que, no interior e no exterior, enfrentam com bravura, coragem, determinação patriótica e heroísmo, para reiterarem o apoio aos nossos irmãos e irmãs vítimas do regime ditatorial dirigido pelo José Eduardo dos Santos”, realça o comunicado.
“Pedimos sobretudo à diáspora angolana, na Europa, nos Estados Unidos, Brasil, África do sul e na Ásia, para redobrar as suas reivindicações e acções junto da comunidade internacional para exigir a libertação urgente e incondicional dos nossos irmãos e irmãs”, acrescentou.
O MPDA considera “justas e necessárias” as manifestações dos angolanos para a “liberdade e salvaguarda da soberania da nação (angolana), desde que aquelas estejam dentro da lei e sejam aprovadas em unanimidade pelo partido da situação”.
A manifestação vai decorrer apesar das detenções, disse o coordenador do protesto citado por aquele portal.
O protesto anti-governamental, convocado anonimamente através das redes sociais, SMS e em vários sitos da Internet, está marcado para hoje em Luanda, embora responsáveis do MPLA já tenham garantido que o protesto não se vai realizar.
À Lusa, Dias Chilola, um dos organizadores, afirmou no domingo que as pessoas vão sair as ruas para se manifestarem de “forma pacífica e em liberdade”, apesar dos discursos “intimidatórios e demagógicos” que dirigentes do MPLA e governantes proferiram nos últimos dias. Discursos que, segundo angolano de 45 anos, residente em Lisboa, “já não pegam”.
“Queremos viver a democracia, mas também que a democracia chegue a nós. Que as pessoas escolhidas nos expliquem quais os passos que estão a dar no sentido de melhorar essa democracia. E é por isso que vamos marchar”, afirmou Chilola, salientando que a manifestação é “um direito democrático”.
O anúncio da manifestação levou o Governo angolano a tomar medidas para minimizar a contestação por parte das forças armadas e polícia, designadamente o pagamento de salários em atraso, envio de alimentos em falta há seis meses para casa de militares e promoção de outros oficiais.
in Sapo.pt
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